A Arte de Encontrar Soluções
Um pequeno grupo de discussão encontra, geralmente, melhores soluções do que qualquer um dos seus participantes individualmente.
Há uns anos, participei numa experiência, na qual se pediu a cada membro do grupo para, isoladamente, escolher a partir de uma lista as 10 coisas indispensáveis para sobreviver algum tempo na Lua, em caso de avaria da nave de regresso.
A seguir, repetiu-se o processo em grupo. As soluções foram comparadas com a da NASA. O grupo ganhou por uma elevadíssima margem.
Antes de entregar o problema ao grupo é necessário fazer algo que, em geral, o grupo não pode fazer: recolher dados.
Se as nossas vendas estão a cair, a primeira coisa a fazer é recolher dados: as vendas caem em todos os produtos da empresa ou apenas em alguns? Perdemos clientes ou estes compram menos? Entrou algum competidor ou algum produto novo no mercado? A concorrência está na mesma situação? Há novos preços no mercado? A equipa está satisfeita? Etc.
Não é possível recolher todos os dados pertinentes. É preciso saber quando parar a pesquisa, de outro modo uma solução razoável não será encontrada em tempo útil.
Por vezes conhecem-se os sintomas do problema. Quando alguém tem uma dor, o problema não é, em geral, a dor mas sim o que causa a dor.
O problema a resolver deve estar bem definido. Consideremos, a título de exemplo, o problema “as exportações para Espanha caíram, porquê e o que fazer?”. Pode acontecer que o grupo defina melhor o problema em plena discussão.
O grupo de discussão deve ser pequeno e as regras devem ser introduzidas no seu início:
Não se trata de discutir como se fossem advogados ou políticos que nos tentam convencer de algo em que acreditam, ainda que seja falso. O objetivo do grupo é encontrar a verdade, isto é, a melhor solução.
Não é para aplicar a retórica nem fazer longos discursos, como se faz nos tribunais e na propaganda.
Aplica-se a dialética, criada pelos gregos há 2500 anos. Estes procuravam conhecer a realidade por meio do diálogo, contrapondo ideias a outras ideias, desenvolvendo outras novas em consequência.
Cada um dos participantes tem de considerar as várias propostas e as possíveis alternativas e melhorias, não se fixando apenas numa (a sua). As potenciais soluções são, em seguida, analisadas uma a uma, melhoradas ou abandonadas, até se chegar à que parece melhor.
Por fim, a revisão do processo desde a recolha dos dados até à conclusão permitirá que a decisão seja qualificada, amplamente aceite e implementada com convicção e mais alta probabilidade de sucesso.